“A expectativa é que entre 25% a 30% dos R$ 30 bilhões que entrarão na economia neste ano devem ser direcionados ao varejo. Estamos falando de uma alta de 0,4% no desempenho desse setor para este ano e um caminho para começar mais forte em 2020”, argumentou o assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Guilherme Dietze.
De olho nesse potencial financeiro, um exemplo de varejista que deve aproveitar essa injeção de capital na economia é a rede Armarinhos Fernando. “Temos a perspectiva de aproveitar ao máximo essa demanda que está por vir, considerando que o tíquete médio deve passar de R$ 45 para R$ 65”, disse o gerente geral da rede, Ondamar Antônio Ferreira. Segundo o ele, as categorias de produto que devem apresentar maior demanda para o período são brinquedos e a parte de bazar do negócio. “Para o período, o avanço na comercialização de brinquedos está estimado em 10% em relação ao Dia das Crianças de 2018. Esse cenário tem impulsionado também a variedade de itens encomendados juntamente aos fornecedores”, diz.
Na perspectiva da consultora do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Cássia Godinho, é fundamental que os varejistas se preparem em termos de estoque e portfólio de produtos para essa possível alta demanda a partir de setembro. “Como os saques do FGTS tem o limite de R$ 500, as redes terão de dar mais atenção aos itens de menor valor agregado. Com isso, uma das possíveis estratégias que os empresários podem adotar é treinar os funcionários a fim de elevar o tíquete médio por meio de produtos complementares àquela compra”, complementou ela, lembrando que todas as condições para o êxito da compra devem ser aperfeiçoadas, desde a disposição do produto nas gôndolas até condições de pagamento.
Na perspectiva do diretor executivo da rede óticas Atitude, Marcelo Teixeira, existe a expectativa de que o valor liberado pelo FGTS sirva de “aperitivo” para as compras que possam superar os R$ 500. “Esse tipo de injeção na economia estimula as pessoas a consumirem mais lazer e acabam indo aos shoppings. Quando se deparam com produtos como os nossos óculos, e com condições parceladas, especiais, as vendas aumentam. Haverá um acréscimo de, pelo menos, 5%”, disse Teixeira, destacando que foi lançada uma campanha de parcelamento mais longo, com até seis vezes sem juros no cartão. O tíquete médio deve subir 20%.
Inadimplência
Em julho deste ano, cerca de 37% dos consumidores inadimplentes devem até R$ 500, revelou, na última sexta-feira, um levantamento realizando pela Confederação Nacional dos Dirigente Lojistas (CNDL), em parceria com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). Entre os maiores atrasos, estão as contas de luz e água – alta de 16% ante a julho de 2018.
“Quinhentos reais podem parecer pouco para alguns, mas é praticamente a metade de um salário mínimo. Para quem está com contas em atraso, esse recurso extra poderá aliviar o bolso. Mesmo para quem tem uma dívida maior, esse dinheiro pode abater parte do valor do débito e contribuir em uma renegociação com parcelas menores, que possam caber no orçamento”, diz o presidente do SPC, Roque Pellizzaro Junior.