É consenso entre especialistas que a partir do segundo semestre deste ano a taxa de desemprego comece a cair lentamente. O pico da deterioração do mercado de trabalho deve ocorrer no primeiro semestre deste ano, com a taxa podendo chegar a 13,5%, previsão do Santander, com a média de 2017 ficando em 12,8%. Nas contas do Ibre/FGV, mais otimista, essa alta não passará dos 12,3%, e a média do ano não deve ficar maior do que 12%.
— Para 2017, nossa projeção é que a recuperação do mercado de trabalho ocorra pela absorção de pessoas pela informalidade, seja no trabalho por conta própria ou por contratações sem carteira — explica Bruno Ottoni, economista do Ibre/FGV.
A taxa de desemprego e o número de pessoas sem trabalho no país encerraram 2016 batendo novos recordes e, na previsão de economistas, devem voltar à casa de um dígito somente em 2019. No último trimestre de 2016, 12% da força de trabalho, o equivalente a 12,3 milhões de pessoas, estavam sem emprego. Com isso, a taxa média de desemprego do ano ficou em 11,5%, contra os 8,5% registrados em 2015. Só nos últimos dois anos, a recessão deixou cinco milhões de pessoas sem trabalho no país. São brasileiros que perderam o emprego ou estavam fora do mercado e se viram obrigados a buscar uma colocação diante da queda da renda da família, mas encontraram uma economia retraída, que praticamente não contratou.
Desde 2014, o grupo de trabalhadores na indústria foi o que mais encolheu (12,5% ou menos 1,65 milhão de empregados), seguido pela construção civil (queda de 6,6% ou 513 mil pessoas).
— São números que mostram que a pior consequência da recessão ocorreu no mercado de trabalho. É uma piora muito acentuada desde 2014. A população empregada encolheu em quase dois milhões de pessoas e houve destruição de vagas disseminada nos setores, impactando mais indústria e construção civil primeiramente e, no ano passado, serviços e comércio — analisa Rodolfo Margato, economista do Santander.
Em nota, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial lembrou que as famílias, em tempos de crise, adotam estratégias para se defender do desemprego, como aceitar ocupações de menor qualidade, em postos de trabalho informal, com rendimentos menores ou em funções que não correspondem integralmente às competências do trabalhador. Movimento observado nesses dois últimos anos, quando houve aumento de ocupados em trabalho sem carteira ou por conta própria e declínio daqueles com carteira assinada. Os dois anos de recessão reduziram o rendimento médio real de todos os trabalhos em 2,6%, para R$ 2.029. Em 2014, esse valor estava em R$ 2.083.
Fonte:Publicação Eletrônica da Federação dos Empregados no Comércio de Bens e Serviços do Estado da Bahia Nº 485