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Dia Internacional da Educação é marcado por desigualdade no Brasil

O Brasil é uma das cinco economias mais desiguais do mundo em relação à educação. 4 milhões de estudantes abandonaram a escola durante a pandemia.
24 de janeiro de 2022, 15h22

Por Marcella Victer / Sindicatos Online

Criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) após uma Assembleia Geral realizada em 3 de dezembro de 2018, o Dia Internacional da Educação começou a ser comemorado em 24 de janeiro de 2019. 

A ação faz parte da luta pela concretização do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 4: Educação de qualidade. Até 2030 os Estados-membros da ONU devem garantir o acesso à educação inclusiva, de qualidade e equitativa, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos

 

EDUCAÇÃO NO BRASIL

Porém, a situação brasileira mostra que estamos longe de alcançar estes objetivos. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2019, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de analfabetismo de pessoas com 15 anos ou mais foi estimada em 6,6% - 11 milhões de analfabetos.

A mesma pesquisa mostra também a desigualdade entre regiões brasileiras. A Região Nordeste apresentou a maior taxa de analfabetismo: 13,9%. Já as Regiões Sudeste e Sul apresentam taxa aproximadamente quatro vezes menor: ambas com 3,3%. 

 

A DESIGUALDADE DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19

Com a chegada da pandemia de Covid-19 no Brasil, uma das medidas indispensáveis para a contenção do vírus mostrou-se ser o isolamento social e evitar aglomerações. Escolas e faculdades são ambientes de alto convívio entre pessoal e por isso, em março de 2020, os estados brasileiros determinaram o fechamento das instituições de ensino. 

Assim, muitas escolas deram início ao Ensino Remoto Emergencial. No entanto, segundo pesquisa do Datafolha, 4 milhões de estudantes abandonaram a escola durante a pandemia por dificuldade no acesso remoto às aulas e problemas financeiros. Os alunos que lideraram a taxa de abandono pertenciam às classes sociais mais pobres: D e E. 

Estes dados são confirmados pela Pesquisa TIC Kids Online Brasil 2019: 4,8 milhões de crianças e adolescentes brasileiros, entre 9 e 17 anos, não têm acesso à internet em casa. 58% dos jovens acessam à internet exclusivamente pelo celular, aparelho que não é o ideal para o acompanhamento de aulas, dificultando a execução de tarefas escolares.

É importante lembrar que a desigualdade observada durante 2020 e 2021 é um reflexo do contexto educacional brasileiro que precede a pandemia de Covid-19. De acordo com o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), que avaliou 79 países em 2018, o Brasil é uma das cinco economias mais desiguais do mundo em relação à educação.

 

IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO

“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.” Estas são palavras de Paulo Freire, o Patrono da Educação Brasileira.

Uma das formas de promover a redução da desigualdade social no Brasil é o próprio investimento em educação. Estudo do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades (Made) da Faculdade de Economia e Administração da USP, mostrou que, entre os anos de 2017 e 2018, a educação pública reduziu o índice Gini (medidor de desigualdade) entre 5,22% e 9,62%.

Uma criança com uma mãe que sabe ler tem 50% mais chances de sobreviver após os 5 anos de idade. Para cada ano adicional de escolaridade, a média anual do Produto Interno Bruto (PIB) de um país pode aumentar em 0,37%. Estes dados da Unesco mostram que o investimento em educação é indispensável para o desenvolvimento social e econômico de um país. 

A educação também é uma maneira de proteger os jovens contra a violência. De acordo com pesquisa realizada pela Unicef Brasil no Ceará, 70% dos adolescentes assassinados estavam fora da escola há mais de seis meses.

* Com informações da ONU, Unesco, IBGE, UOL e Correio Brasiliense  


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