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Entregadores de aplicativos de Nova York conquistam direitos trabalhistas

Entram em vigor salário mínimo, transparência sobre as gorjetas, licenças oficiais para trabalhar e que as empresas forneçam as mochilas de entrega
27 de janeiro de 2022, 10h40

Por Redação CUT

Os mais de 65 mil entregadores de aplicativos de Nova York conquistaram direitos trabalhistas com a entrada em vigor de seis leis aprovadas em setembro pelo Conselho da cidade de Nova York, que serão implementados em três fases.

Entre os direitos que começaram a entrar em vigor na segunda-feira (24) estão salário mínimo, atualmente de 15 dólares/hora no estado, transparência sobre as gorjetas deixadas pelos clientes, contar com licenças oficiais para trabalhar, usar o banheiro dos restaurantes onde pegam a comida e que as empresas forneçam as mochilas de entrega, segundo reportagem da AFP, publicada pelo UOL.

1ª fase de implementação das leis

Segundo a reportagem, a primeira fase de implementação das leis, os aplicativos terão que notificar os entregadores a quantidade de gorjeta deixada pelos clientes por cada entrega.

Além disso, os trabalhadores poderão usar os banheiros dos restaurantes onde pegam a comida, o que até agora era proibido, e terão que estar inscritos no Departamento de Proteção ao Consumidor e ao Trabalhador da Cidade de Nova York.

Segunda fase

A partir de 22 de abril, os aplicativos terão que:

. informar os entregadores os detalhes do trajeto antes deles aceitarem um pedido.

. Não poderão cobrar comissão pelo pagamento das taxas; e,

. terão que fornecer uma mochila isolante, o que agora é de responsabilidade dos trabalhadores.

Terceira fase

A partir de 2023, quando começa a ser implantada a terceira fase dos direitos, os entregadores receberão o salário mínimo estipulado pela cidade.

SITUÇÃO NO BRASIL

No Brasil, os entregadores que trabalham para aplicativos da capital paulista, como iFood, Loggi e Rappi, realizam várias manifestações e greves para  para protestar contra as condições de trabalho e renda, reivindicando melhores condições de trabalho, reajustes na taxa mínima de corrida e o pagamento padronizado por quilometragem, para fazer frente ao aumento dos combustíveis e da inflação. Eles ganham por hora menos do que o valor de um litro de gasolina.

No Congresso Nacional, tramitam vários projetos para garantir direitos à categoria, mas até agora apenas um foi aprovado e entrou em vigor este ano, mas ao avanços são poucos.

No início deste mês, a Presidência da República sancionou com vetos parciais, a Lei 14.297, de 2022, que reforça as medidas de proteção aos entregadores de aplicativos. Originado do PL 1.665/2020, do deputado Ivan Valente (Psol-SP), e aprovado em dezembro pelo Senado, com relatório favorável do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o texto sofreu dois vetos.

Uma das medidas previstas na nova lei é a determinação de que a empresa de aplicativo de entrega contrate seguro, sem franquia, em benefício do entregador, para cobrir acidentes ocorridos exclusivamente durante o período de retirada e entrega de produtos.

A empresa também deve pagar ao entregador afastado por Covid-19 uma ajuda financeira, durante 15 dias, equivalente à média dos três últimos pagamentos mensais recebidos pelo entregador. Para comprovar a contaminação, o trabalhador tem que apresentar o resultado positivo no teste RT-PCR ou laudo médico atestando o afastamento. A ajuda pode ser prorrogada por mais dois períodos de 15 dias.

Outro projeto em tramitação é o do deputado federal João Daniel (PT-SE) - Projeto de Lei (PL) nº 3337/2021 -, que propõe alteração na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para garantir vínculo empregatício entre as empresas operadoras de aplicativos e os trabalhadores que exercem as atividades de transporte de passageiros ou entrega de mercadorias.

Recentemente, CUT e Organização Internacional do Trabalho (OIT) fizeram uma pesquisa sobre as condições de trabalho dos entregadores de aplicativos. O objetivo é construir instrumentos que norteiem o fortalecimento de espaços de diálogo social e desenvolvimento de propostas, ações e campanhas de conscientização desses trabalhadores sobre seus direitos humanos, sociais e trabalhistas.


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