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81% dos desempregados há mais de dois anos são trabalhadores pobres

11 de abril de 2022, 11h25

Por Rádio Peão Brasil

Quase três milhões de brasileiros, ou 81% dos trabalhadores e trabalhadoras que estão desempregados há mais de dois anos no país, são das classes D e E.

Essa parcela mais pobre da população, a que mais sofre com a falta de uma colocação no mercado formal de trabalho, é vítima do golpe de 2016, que destituiu a presidenta Dilma Rousseff (PT) e colocou no lugar presidentes comprometidos com os patrões.

Um dos maiores culpados pela atual crise econômica é o ilegítimo e golpista Michel Temer (MDB-SP), vice que contribuiu para derrubar Dilma e pai do Teto de Gastos Públicos (EC nº 95), de 2017, que congelou os investimentos do governo por 20 anos, de acordo com o índice da inflação.

Mas Temer não é o único responsável por essa crise sem fim. O governo de Jair Bolsonaro (PL) tem grande parcela de culpa também já que não só manteve a restrição de investimentos públicos como também vem impedindo que as estatais como a Petrobras, possam ser utilizadas como indutoras do crescimento, preferindo distribuir lucros bilionários aos acionistas estrangeiros.

O resultado dessa nefasta condução da economia é sentido diretamente pela população mais pobre que não consegue nem arrumar um emprego para subsistir, explica a professora e economista da Unicamp, especialista no mercado de trabalho, Marilane Teixeira, ao analisar o levantamento feito pela Tendências Consultoria Integrada, que mostra que são os trabalhadores das classes D/E, com renda mensal de até R$ 2.800 , que estão há mais de 24 meses desempregados. Segundo a pesquisa são 2,9 milhões de pessoas (81%) de um universo de 3,7 milhões, se somadas as pessoas desempregadas de todas as classes sociais.

“Há um déficit estrutural de postos de trabalho e tem a ver com a incapacidade do governo de criar empregos para quem necessita e, é claro que atinge a população com menor escolaridade, os mais pobres. Sem investimento público, sem obras de infraestrutura, de moradia, enfim, sem o Estado atuar como indutor do crescimento, a roda não gira e atinge mais os mais pobres. Em geral pessoas com nível de escolaridade maior encontram mais facilidades de conseguir um emprego em suas áreas de atuação”, diz a economista.

A economia não se recuperou por falta de investimento públicos e o setor privado não tem como alavancar a atividade econômica como defende a equipe do governo Bolsonaro. Para gerar emprego é preciso uma política pública do estado – Marilane Teixeira

Marilane afirma ainda que, com o este déficit da oferta de trabalho (são 12 milhões de desempregados no país), a tendência é as pessoas vivenciarem o desemprego por muito mais tempo.

“Para cada 100 candidatos a vagas, se dois conseguem uma colocação, os 98 restantes ficarão sem trabalho. E quanto mais tempo se fica afastado do ambiente de trabalho, maior é o nível de defasagem a novas tecnologias e mudanças que vêm sendo incorporadas de forma muito rápidas em vários segmentos”, afirma Marilane.

A economista chama a atenção para o fato de que, embora o levantamento não tenha abarcado o problema do desemprego das mulheres, são as negras que ficam por mais tempo sem trabalho.

“Em 2021, 30,4% das mulheres negras estavam desempregadas há mais de dois anos; as brancas somam 29,8% e os homens são 21%”, conta.

Os efeitos da pandemia

A economista explica ainda que a crise acentuada pela pandemia elevou o desemprego nos setores que tem características de maior precariedade, e em vez dos setores mais estruturados cujos trabalhadores puderam atuar em home office. Já os empregos do setor de serviços e os domésticos tiveram de ser interrompidos nos últimos dois anos, além de muitos negócios também terem encerrados suas atividades.

“Quem perdeu o emprego antes da pandemia também não voltou ao mercado de trabalho, como os por conta própria, os autônomos, que eventualmente trabalhavam como vendedores ambulantes e outras atividades. Esses não se recuperaram totalmente, pela desigualdade história da sociedade brasileira que adota um modelo econômico concentrador e excludente”, conclui.

Fonte: Portal CUT


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