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ONU Mulheres alerta para falta de paridade de gênero no novo governo Temer

16 de maio de 2016, 10h33

A representante do Escritório da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman, alertou para a ausência de mulheres nos novos ministérios, anunciados hoje (12) pelo presidente interino Michel Temer. Depois de um corte de 32 para 22 gabinetes, tomam posse nesta quinta-feira (12) os novos ministros, todo homens, indicados por Temer, para compor a nova base do governo.

Desde a ditadura militar, quando a primeira ministra foi nomeada, no início da década de 1980, esta é a primeira vez que um presidente não indica uma mulher para os gabinetes.

“Não ter mulheres significa perder, pois metade da população não está representada, nesse governo, nessa junta executiva”, advertiu Nadine, alertando para prejuízos com a ausência de paridade. “A possibilidade de perdas de políticas públicas, dos avanços, da [possibilidade de] ir além do que normalmente está sendo visto por só uma parte da população, é muito grande”, disse a representante. Ela participou de evento no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que aderiu ao movimento HEFORSHE, de defesa da igualdade e do empoderamento das mulheres.

De acordo com Nadine, pesquisas mostram que a presença de mulheres nos governos e nos conselhos de administração das empresas privadas de, pelo menos 30% do corpo diretivo, significa ganhos de eficiência, de rentabilidade e de melhoria do ambiente de trabalho.

Com as mudanças políticas no Brasil, ela cobrou que políticas públicas não sejam interrompidas e defendeu que a institucionalidade da agenda das mulheres, por meio da atuação de secretarias e ministérios é um avanço mundial, sugerindo que as pastas não sejam extintas.

A representante da ONU Mulheres disse, contudo, que é cedo para fazer análises sobre o governo Temer e que aposta na manutenção da preocupação com os direitos humanos no país.

“Ainda não conhecemos o novo governo. Temos que esperar e ter confiança que qualquer governo vai fazer políticas, vai dar orçamento, vai ter um posicionamento em favor dos direitos das mulheres”, afirmou, citando avanços, nos últimos 20 anos, como a diminuição da pobreza e de enfrentamento à violência, como a lei de combate ao assassinato de mulheres.

No combate à violência, Temer é reconhecido por ter criado a primeira delegacia de defesa da mulher, em São Paulo, quando foi secretário de Segurança Pública, em 1985.

A meta da ONU Mulheres é trabalhar para acelerar a igualdade entre homens e mulheres, que, no ritmo atual, levaria mais de 70 anos. Com a promoção de oportunidades, a organização defende que a governança, no mundo, seja dividida igualmente entre homens e mulheres. Sem a paridade, argumenta Nadine, ações para o desenvolvimento ficam prejudicadas.

“Está demonstrado, no mundo todo, que tem que ter, em todas as instâncias de poder, representação da sociedade”, defendeu. A diversidade, segundo ela que também é médica e doutora em políticas para a saúde, garante melhorias em políticas públicas para os mais pobres.

Procurada, a assessoria do presidente interino não comentou o perfil do novo ministeriado.

Fonte:Publicação Eletrônica da Federação dos Empregados no Comércio 

de Bens e Serviços do Estado da Bahia Nº 0356

 


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